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O Demônio da Escuridão [The Devil in the Dark] Jornada nas Estrelas – Análise

O Demônio da Escuridão [The Devil in the Dark] Jornada nas Estrelas – Análise

O Demônio da Escuridão

O Demônio da Escuridão tem um começo estranho de episódio, já que não começamos a bordo da Enterprise, mas sim nas minas profundas de Janus VI, onde um “monstro” desconhecido está trazendo perigo para os mineradores. Um guarda profundamente nervoso, Schmitter, nos diz que atirar com o Phaser é inútil! Mas que a Enterprise está a caminho.

Você vai ficar bem”, diz seu superior, selando o destino do homem. Parece que nunca assistiram a um filme de terror por aqui.

Quando Kirk e Spock chegam para investigar, uma bomba de reator é roubada, o que poderia causar um colapso que envenenaria metade do planeta. Spock acredita que eles devem estar lidando com uma forma de vida lógica e, além disso, que pode ser baseado em silício, em vez de carbono, capaz de se mover através da rocha sólida, e McCoy acredita ser uma fisiologia impossível e comenta que tudo que os humanos vêem, rotulam de monstro.

Spock e Kirk vêem e ferem a criatura quando parece que ela vai atacar, mas a criatura depois poupa a vida de Kirk enquanto ele está tentando se comunicar com ela. Spock realiza uma fusão mental e descobre que a Horta é a última do seu tipo, protegendo os ovos que repovoarão sua espécie, mas que os mineiros têm destruído. Enquanto McCoy cura a Horta com suas habilidades de alvenaria, Spock comunica o desejo dos mineiros por uma aliança em que os mineiros recuperarão o Pergium dos túneis criados pelos recém-nascidos Hortas.

O Demônio da Escuridão
Kirk encontra os Ovos da Horta

A Ideologia de Jornada nas Estrelas

Com o intrigante encontro com a Horta, “O Demônio na Escuridão” representa alguns dos melhores valores ideológicos de Jornada nas Estrelas: tolerância para todas as formas de vida, busca de inteligência em lugares improváveis e comunicação com o desconhecido, em vez de simplesmente destruir o que tememos.

Kirk e Spock provam que a Horta não é apenas senciente mas inteligente, que o seu comportamento pode ser facilmente explicado em termos humanos e que uma relação simbiótica com esta espécie totalmente estranha pode ser extremamente benéfica para os seres humanos. Estes são os melhores valores de Star Trek em poucas palavras. “O Demônio da Escuridão” continua sendo um dos episódios mais atraentes da série original.

Isso tudo soa um pouco idealista? Bem, sim, mas a história não é contada somente através da ciência e da retórica. Kirk nem sequer consegue fazer um dos seus famosos discursos! É Spock que insiste que a Horta deve ser tratada como um ser único e valioso, em vez de um adversário mortal, mas está disposto a jogar isso fora quando acredita que a vida de Kirk pode estar em perigo. Se a extensão em que Kirk importa para Spock, emocionalmente, não foi clara até agora, não devem restar dúvidas enquanto ele corre pelos túneis gritando “JIM!”.

Implorar a Kirk para atirar rapidamente, não é, parafraseando alguns episódios a frente, o medo bastante lógico de Spock de perder um capitão altamente proficiente da Frota Estelar. Essa preocupação é pessoal, assim como a escolha de Kirk de não atirar na criatura à vista, mas levar as palavras de Spock ao coração e ver se consegue encontrar alguma maneira de chegar a ela.

A tensão e o drama deste episódio são realmente muito bem construídos. Parecia tão tenso como partes de “Equilíbrio do Terror”. O modo como Kirk e Spock exploravam os túneis, entrando e saindo de poças de luz, com música dramática tocando ao fundo, parecia um episódio da Além da Imaginação [Twilight Zone]. Quando Kirk finalmente vê a Horta, ele está absolutamente horrorizado! Muito tenso, e cheio de suspense. A direção de Pevney é primorosa, assim como a atuação de Shatner, que tinha acabado de perder o pai durante as gravações.

O drama de “O Demônio da Escuridão”, não é se o bicho vai matar alguém mais importante que um Camisa Vermelha ou destruir a colônia de mineração. A partir do padrão dos episódios de Jornada, nós sabemos que Kirk e Spock vão descobrir o que faz com que esse bicho caia, assim como fizeram com Balok, Trelane, Gorn, o Comandante Romulano e Khan. Se uma batalha é necessária, eles estão prontos e aptos a lutar, mas nunca foi a primeira escolha de Spock e apesar de algumas dúvidas, Kirk se deixa influenciar por seu amigo. Ele fica irritado quando Spock tenta contornar suas ordens para a equipe de segurança, dizendo-lhes para tentar capturar em vez de matar a criatura, mas um momento depois ele tenta proteger Spock mandando-o para trabalhar com Scotty, insistindo que eles não são dispensáveis para uma caçada tão perigosa.

Spock nem se incomoda com a lógica que Riker viria a usar tantas vezes em Picard, dizendo-lhe para voltar para a Enterprise; ele insiste apenas que as chances de ambos serem mortos são relativamente pequenas. É difícil dizer quanto de seu desejo de permanecer na busca decorre de um desejo de proteger a criatura e quanto decorre de um desejo de proteger Kirk, que implora a ele para ficar longe de problemas. “Essa é sempre a minha intenção, Capitão”, responde Spock com aquele sorriso de “Vulcanos não sorriem”. Kirk retorna a preocupação quando ele pergunta a Spock se ele estaria disposto a tentar uma fusão mental com a criatura ferida, embora Spock já tenha mencionado a possibilidade e aparentemente esteja salivando para entrar em contato com a criatura. Salivando é claro, de uma maneira lógica.

O Demônio da Escuridão
Horta

Ou você compra a cena da fusão ou não. Este é um dos momentos mais parodiados de Jornada nas Estrelas pelos fãs, com Spock gritando “PAIN!”(dor) e fazendo caretas para mostrar que isso não é uma dor terrível, mas algo muito pior. Dr. Smith de Perdidos no Espaço, ficaria orgulhoso. A fusão nos mostra uma criatura inteligente e articulada, mas infelizmente não transmite a paixão crua de uma mãe que perdeu seus filhos para a brutalidade e matou os agressores como uma forma de luto. McCoy chega, ele traz um alívio cômico muito necessário, objetando que ele não pode tratar algo feito de pedra e dizendo que ele é um médico, não um pedreiro. Ainda assim, é ele e não Scotty quem é o milagreiro deste episódio, pois a bomba improvisada de Scotty fracassa, enquanto McCoy se convence de que ele poderia “curar um dia chuvoso”.

Os mineiradores são rápidos em perdoar um ser que os aterrorizou e matou muitos de seus colegas, visto que existe uma perspectiva de grandes riquezas diante deles e aparentemente o futuro pós-capitalista de Jornada nas Estrelas não exclui a ganância crua (ainda?). Mesmo com o início sangrento, o episódio termina com humor, com Spock repetidamente elogiando a mente lógica de Horta preferindo-a à dos humanos, mesmo tenha sido um palpite emocional mais do que a lógica que levou Kirk a poupar sua vida, e Kirk insultando a imodéstia de Spock, mostra que ele está se tornando mais humano com o passar do tempo.

É o choque da cultura alienígena no microcosmo, e se três pessoas tão diferentes quanto Kirk, Spock e McCoy poderiam se tornar melhores amigos, certamente os mineiros e a Horta podem superar suas diferenças.

O episódio nos traz um conflito emocionalmente verdadeiro para os personagens e por isso ressoa em uma escala maior. A ideologia de “O Demônio da Escuridão” encapsula o apelo da série original de uma forma que eu não acho que qualquer uma das séries da segunda geração jamais se igualou.

O Demônio da Escuridão
McCoy “Curando um dia Chuvoso”

O Último da Espécie

Nós certamente lidamos com o inescrutável, perigoso em “O Ardil Corbomita” [The Carbonite Maneuver], embora o oponente parecesse um ser de inteligência e tecnologia superior em vez de um animal. Mas aqui, novamente, temos algo que não entendemos, uma criatura totalmente diferente das que encontramos antes, incrivelmente perigosa e destrutiva sem ser realmente má. Como o Vampiro de Sal de “O Sal da Terra” [The Man Trap], o último de sua espécie, e as mortes que causou foram puramente incidentais à necessidade de sobrevivência da criatura.

Mas o episódio levanta uma questão. Ninguém, além de Spock, se importava com a Horta até descobrirem que era uma mãe. Não deveriam se importar com a vida de um outro ser desde o começo? O Vampiro de Sal também era o último de seu tipo, e mataram-no. E se ele fosse mãe? O raciocínio “eles vão morrer de qualquer maneira” me parece vazio. E mesmo que seja uma espécie em extinção, não deveríamos dar a oportunidade deste último ser viver sua vida em sua totalidade? É um ser único e está desesperado pela vida, como é normal em todo ser vivo, a autopreservação. Por que não deixar isso de lado? Não tem mais direito de viver nessas cavernas do que os humanos?

A resposta é o Pergium, que parece ser uma fonte de combustível valiosa. Em Jornada nas Estrelas, na série original, nós ainda não temos uma sociedade pós-escassez, e para existir, subsistir e persistir, os homens necessariamente colhem recursos escassos por toda a galáxia. Um paralelo direto com diversos dilemas ambientais que enfrentávamos na época e enfrentamos hoje, nos quais algo valioso só é alcançável pela destruição de certos habitats e da vida dentro deles. Ninguém, a não ser Spock, parece se incomodar com isso. Pergium é necessário, a todo custo, fim da conversa. Essa necessidade supera a nova vida, mesmo quando descobrir uma nova vida é uma das principais missões da Federação.

A revelação de que a humanidade deve coletar minerais de outros planetas para atender às necessidades de milhares de planetas da Federação é, no mínimo curiosa. O que quer que seja o Pergium, eles não têm o suficiente, e deve ser impossível ou, pelo menos, proibitivamente difícil criar o elemento artificialmente para abastecer seus reatores. Isso faz paralelo às preocupações contemporâneas sobre esgotar nossos próprios recursos naturais, mas não seriam que os reatores de matéria/antimatéria e os cristais de dilítio o bastante para resolver todos os nossos problemas de energia no futuro?

Embora esteja satisfeito por alcançarem um entendimento até ao final do episódio, não me parece que foi exclusivo pelas razões certas. No final, eles não coexistem por causa do respeito mútuo pelas espécies e pelo modo de vida de cada um. Eles coexistem porque os homens percebem que podem lucrar insanamente com a presença da criatura lá. Eu também não tinha certeza de que o acordo entre a Horta e os mineiros seria válido. Eles devem deixar um ao outro em paz, mas Kirk sugere que a mãe Horta vai dizer aos filhos que procurem “ouro, platina e pedras raras” para os mineiros, o que parece o início da escravidão. Não fica claro o que a Horta consegue tirar do negócio, exceto pela sobrevivência assegurada.

É claro que isso tudo poderia ser uma falha de cuidado do roteiro, e provavelmente a relação entre a Horta e os mineiros será simbiótica e não parasitária. Ou, pelo menos, assim esperamos. Mas vale levantar a questão. Em muito, mesmo com todo o excelente trabalho, os roteiristas deviam encontrar dificuldades em acompanhar na totalidade a ideologia de Jornada nas Estrelas.

A Vida a Base de Silício

Vida Baseada em Silicio
Representação artística. Pesquisas recentes mostram, pela primeira vez, que bactérias podem criar compostos de organossilício

Sempre gostei deste episódio por causa da absoluta alienação da Horta e da criatividade de uma criatura composta de silício em vez de carbono, e permite que o episódio aborde algumas questões interessantes de primeiro contato com novas raças e sobre não julgar outros unicamente na aparência. A Ficção Científica sempre buscou na estranheza possibilidades de discutir nos mesmos, e uma forma de vida tão diferente da nossa, é terreno fértil para tal. Jornada nas Estrelas não foi a única série de televisão a abordar a vida de Silício, e esteve acompanhada de Arquivo X [The X-Files], Stargate e porque não Chapolin. Ou você não se lembra da Pedra Falante? Mais exemplos daqui a pouco.

Na Terra, todas os seres vivos possuem uma estrutura molecular baseada em compostos de carbono. Cientistas têm especulado acercas dos prós e dos contras de usar átomos que não os de carbono para formar as estruturas moleculares necessárias para a vida. Carl Sagan, em sua série Cosmos, argumentou que é difícil dizer, com certeza, que uma proposição que se aplique a todas as formas de vida na Terra, também se aplique a vida em todo o universo, usando o termo “chauvinismo do carbono”.

O átomo de silício tem sido muito discutido como a base para um sistema bioquímico alternativo, porque o silício tem muitas propriedades químicas similares às do carbono e está no mesmo grupo da tabela periódica, o grupo do carbono. Como o carbono, o silício pode criar moléculas suficientemente grandes para transportar informações biológicas.

No entanto, o silício tem várias desvantagens como alternativa ao carbono. O silício, ao contrário do carbono, não tem a capacidade de formar ligações químicas com diversos tipos de átomos, como é necessário para a versatilidade química necessária para o metabolismo. Elementos que criam grupos funcionais orgânicos com carbono incluem hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, fósforo, enxofre e metais como ferro, magnésio e zinco. O silício, por outro lado, interage com pouquíssimos outros tipos de átomos.

Primeiras Especulações

Em 1891, o astrofísico alemão Julius Scheiner tornou-se talvez a primeira pessoa a especular sobre a adequação do silício como base para a vida. Essa idéia foi adotada pelo químico britânico James Emerson Reynolds (1844–1920) que, em 1893, em seu discurso de abertura à Associação Britânica para o Avanço da Ciência, destacou que a estabilidade ao calor dos compostos de silício poderia permitir que a vida existem a temperaturas muito altas (termofílicos). Em um artigo de 1894, baseando-se nas idéias de Reynolds e também nas de Robert Ball, H. G. Wells escreveu:

“A pessoa está surpresa com a imaginação por tal sugestão: visões de organismos de silício-alumínio, por que não homens de silício-alumínio ao mesmo tempo, vagando por uma atmosfera de enxofre gasoso, digamos, pelas margens de um mar de ferro líquido, cerca de mil graus acima da temperatura de um alto-forno?”

Trinta anos depois, J. B. S. Haldane sugeriu que a vida pode ser encontrada no interior de um planeta com base em silicatos parcialmente fundidos, a oxidação do ferro talvez fornecendo energia.

Bioquímica de silício?

Vida em SilicioÉ concebível que algumas formas de vida estranhas possam ser construídas a partir de substâncias semelhantes a silicone, não fosse por uma falha aparentemente fatal nas credenciais biológicas do silício. Esta é sua poderosa afinidade pelo oxigênio. Quando o carbono é oxidado durante o processo respiratório de um organismo terrestre, ele se transforma no dióxido de carbono gasoso, um material residual que é fácil para uma criatura remover de seu corpo. A oxidação do silício, no entanto, produz um sólido porque, imediatamente após a formação, o dióxido de silício se organiza em uma rede na qual cada átomo de silício é circundado por quatro oxigênios. A eliminação de tal substância poderia representar um grande desafio respiratório.

As formas de vida também devem ser capazes de coletar, armazenar e utilizar energia de seu ambiente. Na biota baseada em carbono, os compostos básicos de armazenamento de energia são carboidratos nos quais os átomos de carbono estão ligados por ligações simples a uma cadeia. Um carboidrato é oxidado para liberar energia (e os produtos residuais, água e dióxido de carbono) em uma série de etapas controladas usando enzimas. O silício falha em dar origem a muitos compostos, torna difícil ver como ele poderia servir de base para as muitas cadeias interconectadas de reações necessárias para sustentar a vida.

A ausência de biologia baseada em silício, ou mesmo produtos químicos pré-bióticos baseados em silício, também é sugerida por evidências astronômicas. Onde quer que os astrônomos tenham olhado (em meteoritos, em cometas, nas atmosferas dos planetas gigantes, no meio interestelar e nas camadas externas de estrelas frias) eles encontraram moléculas de silício oxidado (dióxido de silício e silicatos), mas nenhuma substância como silanos ou silicones, que podem ser os precursores de uma bioquímica de silício.

Mesmo assim, tem sido apontado, o silício pode ter tido um papel a desempenhar na origem da vida na Terra. Um fato curioso é que as formas de vida terrestres utilizam exclusivamente carboidratos destros e aminoácidos canhotos. Uma teoria para explicar isso é que os primeiros compostos pré-bióticos de carbono se formaram em uma “sopa primordial” em uma superfície de sílica com certa lateralidade. Essa destreza do composto de silício determinou a destreza preferida dos compostos de carbono encontrados agora na vida terrestre. Uma possibilidade totalmente diferente é a da vida artificial ou inteligência com um conteúdo significativo de silício.

Evolução Dirigida

Apesar de todas as dificuldades os cientistas mostraram pela primeira vez que a natureza pode evoluir para incorporar o silício em moléculas baseadas em carbono, os blocos de construção da vida na Terra. O carbono e o silício são quimicamente muito semelhantes, pois os átomos de silício também podem formar ligações com até quatro outros átomos simultaneamente. Além disso, o silício é um dos elementos mais comuns no universo. Por exemplo, o silício representa quase 30% da massa da crosta terrestre e é aproximadamente 150 vezes mais abundante que o carbono da crosta terrestre.

Os cientistas há muito sabem que a vida na Terra é capaz de manipular quimicamente o silício. Por exemplo, partículas microscópicas de dióxido de silício chamadas fitólitos podem ser encontradas em gramíneas e outras plantas, e algas fotos-sintéticas conhecidas como diatomáceas incorporam dióxido de silício em seus esqueletos. No entanto, não existem exemplos naturais da vida na Terra combinando silício e carbono juntos em moléculas.

Ainda assim, químicos sintetizaram artificialmente moléculas compostas de silício e carbono. Estes compostos organo-silício são encontrados em uma ampla gama de produtos, incluindo produtos farmacêuticos, selantes, calafetagens, adesivos, tintas, herbicidas, fungicidas e telas de computador e televisão. Agora, os cientistas descobriram uma maneira de estimular a biologia a unir quimicamente carbono e silício.

Os pesquisadores levaram os micróbios a criar moléculas nunca antes vistas na natureza por meio de uma estratégia conhecida como “evolução dirigida”. Assim como os fazendeiros há muito modificam as lavouras e o gado criando gerações de organismos para as características que desejam, assim também os cientistas criam micróbios para criar as moléculas que desejam.

Vida a base de Silício em Titã

A maior lua de Saturno não é uma boa candidata para a vida semelhante à da Terra, porque normalmente falta água líquida na superfície. Mas uma das características mais promissoras de Titã é a presença de lagos cheios de hidrocarbonetos líquidos, ou moléculas feitas de hidrogênio e carbono, como metano e etano. Esses lagos foram recentemente descobertos pela missão Cassini-Huygens, uma espaçonave da NASA / Agência Espacial Européia / Agência Espacial Italiana, até o fim de sua missão em órbita de Saturno em 15 de setembro de 2017.

Um novo estudo descobriu que, dependendo de sua composição e volume, os lagos em Titã poderiam ser bons hospedeiros para um certo tipo de química pré-biótica que poderia levar à vida. Raios cósmicos de alta energia explodem nos lagos e podem provocar reações que criam moléculas mais complexas.

Titã pode ser um bom candidato para a vida baseada em silício, se existir, porque a lua tem aliada as baixas temperaturas, a falta de oxigênio e a falta de água líquida que se acredita ser necessária para esse tipo de vida.

Onde encontrar criaturas a base de Silício na Ficção Científica

Apesar do sombrio prognóstico dos químicos, a vida baseada no silício floresceu nos mundos imaginários da ficção científica. Em uma de suas primeiras aparições, “Uma Odisseia Marciana” [A Martian Odyssey], de Stanley Weisbaum, a criatura em questão tem meio milhão de anos e se move uma vez a cada dez minutos para depositar um tijolo – a resposta de Weisbaum a um dos principais problemas enfrentados pela vida siliciosa. Esses tijolos eram lixo. Somos carbono, e nosso lixo é dióxido de carbono, e isso é silício, e seus resíduos são dióxido de silício, ou como é mais conhecido: sílica. Mas a sílica é um sólido, daí os tijolos. E se constrói, e quando está coberto, passa para um lugar novo para recomeçar.

Jornada nas Estrelas

Janos Prohaska o criador da Horta mostrou a criatura no escritório de Gene L. Coon e ele ficou tão impressionado que ele escreveu uma história sobre ela em poucos dias. Prohaska usou uma criatura semelhante para o episódio de “A Quinta Dimensão” [The Outer Limits], “The Probe”.

Os Tholians, são vistos na série original de Jornada nas Estrelas no episódio “A Teia Tholiana” [The Tholian Web], porém somente a babeça é vista. Já Star Trek: Enterprise mostrou seus corpos inteiros, e também revelou que eles são extremófilos amantes do calor que não suportam temperaturas que os humanos acham normais, o que faz sentido para uma biologia baseada em silício.

Os Excalbians de “Por Trás da Cortina” [The Savage Curtain] também são amantes do calor, mas eles podem sobreviver a temperaturas mais baixas, porque eles são muito mais inteligentes e mais poderosos do que os Tholians, ou humanos, para esse assunto.

Séries de TV de Ficção Científica

Arquivo X: No episódio Firewalker, uma criatura parecida com um fungo com base em silício que explodia da garganta das pessoas para espalhar seus esporos.

Doctor Who tem vários exemplos, incluindo os Kastrians de “The Hand of Fear” e os Ogri de “The Stones of Blood“.

Em Stargate Atlantis, os extintos Sekkari eram aparentemente uma forma de vida baseada em silício.

Na Literatura de Ficção Científica

Em The Laundry Files, existem criaturas que vivem no manto da Terra. Fiel a uma versão mais realista, eles congelam até a morte em qualquer temperatura onde a rocha é um sólido. Fiel ao tom geral de The Laundry Files, eles são maciçamente mais avançados tecnologicamente e numerosos do que nós, têm drones de guerra insanamente poderosos que são totalmente capazes de chegar à superfície para nos esmagar, e podem perceber qualquer dia que eles têm muito boa razão para nos querer esmagados.

Em Discworld, a abordagem tem um tom cômico, mas “Trolls” se qualificam. É especificamente observado que, como organismos baseados em silício, eles funcionam como supercomputadores, com velocidade de processamento (e, portanto, inteligência) sendo inversamente proporcional à temperatura. Um deles fala completamente errado em temperatura ambiente, mas quando está trancado em um freezer por um tempo, quase surge com uma teoria unificada de campo. Eles também contam na base quatro ou no binário por causa disso.

O conto de Isaac AsimovThe Talking Stone” fala sobre formas de vida baseadas no silício chamadas “siliconies” que viviam em asteroides. Eles sobrevivem absorvendo raios gama de minérios radioativos.

Sentenced to Prism”, um romance no universo “Humanx Commonwealth” de Alan Dean Foster. A maior parte da vida no Prism é baseada em silício. Foster se diverte muito com as possibilidades: Lasers naturais, cores ricas, muita armadura, uma abordagem casual de estar em terra ou embaixo d’água (os habitantes consideram o “ar denso” da água) e assim por diante.

Em Videogames

Star Control:

Os Chenjesu são essencialmente cristais sapientes. Eles estão receptores de hiperespaço vivos mais sensíveis do que a maioria dos seres que tentaram construir e fazer praticamente qualquer coisa a partir de materiais cristalinos.

Os Taalo na história dos jogos também, embora eles fossem Pedras-Vivas em vez de cristais. Sua fisiologia única é o que lhes permitiu fazer amizade com os Ur-Quan (que, sendo predadores, geralmente sentem um instinto avassalador de comer outras criaturas com as quais entram em contato, mas as rochas não provocam esse instinto).

Master of Orion:

Os Silicoides. A bioquímica descontroladamente selvagem de organismos baseados em silício é refletida na jogabilidade. Os Silicóides não precisam cultivar para produzir alimentos, liberando assim sua população para conduzir pesquisas ou construções. Além disso, eles são imunes aos efeitos da poluição e podem viver até mesmo nos planetas mais severos sem nenhum problema. Do lado negativo, seu metabolismo mais lento significa um crescimento populacional mais lento, e sua psicologia imensamente diferente torna quase impossível lidar com outras raças diplomaticamente.

X-COM:

UFO DefenseOs Silacóides são formas de vida simples baseadas em silício que se parecem com pedaços de lava roxa. Eles têm pele dura que é imune a dano de fogo e ataque por morder. Por causa de sua temperatura corporal extremamente alta, eles deixam marcas de queimaduras no chão enquanto se movem, às vezes ateando fogo a objetos próximos.

Em XCOM: Enemy Unknown, os pesquisadores são forçados a admitir que não têm ideia se os Cyberdisk estão vivos ou puramente mecânicos, mas concluem que, se estão vivos, provavelmente são formas de vida baseadas em silício. Os Sectopods, por outro lado, estão vivos e são baseados em silício.


Nossa análise de “O Demônio da Escuridão”

 


NOTAS:

  • Kellam de Forest foi o consultor científico do episódio que alterou o roteiro inicial de Gene L. Coon que tinha um outro elemento químico como base para a vida da Horta para silício.

Missão de Misericórdia

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Jornada nas Estrelas [Star Trek] O Demônio da Escuridão [The Devil in the Dark] –TOS S01E24
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Newton Uzeda

Newton Uzeda, o Terceiro de seu Nome, Viajante de muitos Mundos, Sonhador de Fantasia, Leitor de Sci-fi, o Desafiador da Máquina, o Colecionador de Mundos, o "Último dos Renascentistas", Guardião de Histórias e o Questionador de Autoridades.

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