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Jornada nas Estrelas – Operação: Aniquilar! [Operation: Annihilate!]

Jornada nas Estrelas – Operação: Aniquilar! [Operation: Annihilate!]

O episódio final da primeira temporada de Jornada nas Estrelas, coloca a tripulação da Enterprise contra uma ameaça alienígena extra-galáctica. Este é “Operação: Aniquilar!”

Resumo da História

Parece que colônias terrestres não tem sorte mesmo. O Planeta Deneva, está a caminho da “insanidade coletiva”, que já destruiu outras três civilizações nos últimos 200 anos. Ao entrar em contato com Deneva, os sensores da Enterprise capturam uma das últimas naves denevianas se dirigindo intencionalmente ao sol. Mesmo com todos os esforços da tripulação da Enterpsise, nosso Ícaro se vai, mas não sem antes proferir suas últimas palavras: “Eu consegui! Finalmente sumiu. Eu estou livre! Eu sou…”

Em rota para Deneva, Kirk está ansioso para chegar e fazer contato. É através de McCoy que descobrimos o motivo, quando ele pergunta para seu amigo se a família de seu irmão não está neste planeta.

Uhura finalmente consegue contato com um transmissor privado em Deneva, através de um canal que Kirk forneceu. Uma mulher fala de maneira breve e agitada antes de interromper:

“Por favor, corra. Ajude-nos. Eu não tenho muito tempo. Eles vão saber. Por favor! Por favor nos ajude”

Kirk reconhece a voz: Aurelan, sua cunhada. Definitivamente os Denevianos podem estão com problemas. Kirk não perde tempo em ir até a capital com Spock, McCoy, Scott, um par de agentes de segurança que certamente não retornarão.

As ruas são estranhamente vazias e silenciosas (Parece um campus universitário, eu não ficaria surpreso em saber que o episódio foi filmado em um), ou estavam, até que um comitê de boas-vindas aparece. Quatro homens gritando: “Afaste-se! Não queremos machucá-lo!” Mas os phasers vencem os porretes, e deixam os homens inconscientes. Uma mulher grita em algum lugar. Kirk sabe que o grito é de Aurelan, e leva todo mundo para o laboratório de pesquisa de Sam Kirk, onde eles encontram Aurelan tentando cobrir um poço de ventilação, gritando “Eles estão aqui! Eles estão aqui!”

George Samuel Kirk
George Samuel Kirk

McCoy seda Aurelan e descobre o corpo de George Samuel Kirk (interpretado por Shatner, com bigodes e cabelos postiços). Felizmente, o sobrinho do capitão, Peter, está vivo, mas inconsciente. Kirk está obviamente abalado pela perda de seu irmão, e retorna a Enterprise com o médico e o que restou de sua família, deixando Spock no comando da equipe de desembarque. Kirk questiona sua cunhada na enfermaria. Aurelan está com muita dor, cada resposta é uma luta. Aqui descobrimos que visitantes de “Ingraham B”, foram forçados por “Coisas” para trazerem as naves até Deneva.

As “Coisas” controlam os Denevianos, e os forçam a construir naves. Aurelian implora para que Kirk não deixe que eles se espalhem, e com muita dor parte.

O Capitão Kirk retorna a Deneva, em busca das criaturas. Spock comenta que a única evidencia que encontraram é um zumbido estranho e resolvem seguir o som. Chegando ao pátio, descobrem dezenas de coisas circulares presas as paredes e ao teto, e para piorar as coisas, eles voam! Kirk dispara seu phaser, mas desta vez sem a intenção de atordoar.

Uma das panquecas de latex acaba caindo ao chão atordoada. A ordenança que os acompanhava estuda a criatura e verbaliza o que todos estavam imaginando: “Capitão, ela nem parece real!” Spock responde com uma de suas grandes frases de efeito: “Não é a vida como conhecemos ou entendemos. Mas está obviamente vida, ela existe.”

Spock queira levar a criatura abordo da Enterprise, para analise, Kirk decide simplesmente deixa-la. Ao darem as costas para a criatura, ela voa e se agarra as costas de Spock. Kirk a arranca das costas de Spock, mas agora é tarde. A criatura além de voar, picar como uma vespa, perfurando a pele de Spock com um ferrão, e se entrelaçando ao sistema nervoso de uma forma extremamente dolorosa. McCoy está confuso em como remover o tecido alienígena de corpo de Spock.

Mesmo com todo o autocontrole, as tentativas de resistir a influência da criatura são infrutíferas, levando Spock a ponte de comando da Enterprise. Três homens tem dificuldades de subjugar o Vulcano, mas conseguem levá-lo de volta a Enfermaria. Spock se desculpas, dizendo que agora está tudo bem. Kirk e McCoy tem dúvidas a respeito da situação e decidem deixá-lo confinado, por hora. McCoy agora tem a missão de ajudar tanto Spock, quanto o sobrinho de Kirk, sem contar todos os colonos que estão no planeta a baixo deles.

Spock tem muitas habilidades, e uma delas é ser consistente. Ele controla o domínio que a criatura exercia sobre ele, se solta das amarras, se troca para seu tradicional uniforme e vai para a sala de teletransporte armado de uma caixa de ferramentas vermelha. Tomara que ela consiga retornar a salvo. Scotty se opõe, e se recusa a quebrar as ordens recebidas. Com Spock na mira de seu phaser, ele convoca Kirk. Agora o Capitão está certo que seu amigo de orelhas pontudas está realmente no controle, concordando que Spock retorne a Deneva para capturar um espécime da panqueca. Spock já está infectado, o que mais pode dar errado?

Spock consegue capturar uma das criaturas com sucesso, e retorna a Enterprise para estudar a criatura. Ele descobre que ela é uma “criatura unicelular que se assemelha, mais do que qualquer outra coisa, a uma enorme célula cerebral individual”. Kirk rapidamente responde: “Sim, isso responderia a muitas perguntas”. Um capitão precisa sempre parecer saber o que está acontecendo.

Spock questiona o amigo sobre o entendimento da questão, e expande sobre a questão. Elle comenta que apesar de fazer parte de um organismo maior, e não estar conectado fisicamente com as outras células, ele ainda é parte da criatura completa, guiada pelo todo, e recebendo força do todo, o que explicaria a resistência aos phaseres.

Os dois comentam ainda que eles podem ter vindo de uma outra galáxia. Talvez de um lugar onde as nossas leias da física não sejam aplicadas. E portanto muito difíceis de matar.

A única informação que eles têm é que a luz do sol mata as criaturas, mas elas não sabem como ou por quê. Se eles não descobrirem como destruir os parasitas sem prejudicar os hospedeiros, a única maneira de Kirk impedi-los de se espalhar para outros planetas é matar todos em Deneva, incluindo Spock e seu sobrinho.

McCoy e os quatorze laboratórios científicos da Enterprise estão prontos para jogar a toalha quando Kirk percebe que a única propriedade do sol que eles ainda não testaram é a luz. McCoy duvida, mas ele concorda em testar. Em uma câmara ele expõe o parasita capturado por Spock a “um milhão de velas por polegada quadrada” de luz, a intensidade no ponto em que o Denevaniano foi libertado de seu controle.

A criatura está morta, mas eles ainda têm que testá-lo em um hospedeiro. Obviamente Spock se oferece, apesar do risco para seus nervos ópticos naquele incrível brilho. McCoy sabe que eles têm que fazer isso, mas ele odeia a idéia de sacrificar Spock. Em particular, ele diz a Kirk: “Sr. Spock é o melhor primeiro oficial da frota”.

O experimento funciona. O parasita é morto, mas Spock está cego. A enfermeira Chapel entra e lhes entrega o relatório sobre a criatura que eles mataram. Ops! Parece que não existia a necessidade de jogar todo o espectro de luz para matar a criatura. Certamente não a luz branca que cegou Spock. McCoy se culpa, mas Spock reafirma que a escolha também foi dele.

Eles implementam um plano de usar 210 satélites ao redor da Deneva para inundar o planeta com radiação ultravioleta. O Plano funciona, fazendo os parasitas começarem a cair como moscas por todos os lugares, libertando as pessoas de seu controle. Kirk chama enfermaria para informar McCoy e Spock que eles conseguiram. Ele também conforta o médico e diz a ele que não foi culpa dele que Spock nunca mais verá um nascer do sol. Parece que Spock já viu luz demais por uma vida inteira. As palavras do Capitão não são consolo o bastante para o Médico.

Pouco depois, Spock entra na ponte, sua visão milagrosamente restaurada. Ele esqueceu a pálpebra interna vulcana, um traço evolutivo adequado ao sol brilhante do planeta. Além da morte do irmão e da cunhada de Kirk, as coisas voltaram ao normal na Enterprise, com uma troca de farpas entre Spock e McCoy para terminarmos em um bom tom.

Análise do Episódio

Encontrando o Inimigo
Enfrentando as criaturas.

Suceder “A Cidade à Beira da Eternidade” é uma tarefa hercúlea, que “Operação: Aniquilar!” executa muito bem. Temos informações sobre a família de Kirk, o que é muito bem-vindo, e as “panquecas de borracha” funcionam muito bem como criaturas, sendo bem estranhas e se passando bem por uma forma de vida alienígena. Elas estavam ótimas nos planos abertos, e a revelação delas para a tripulação é uma cena muito poderosa! A direção de Herschel Daugherty (Que retornará em “Por Trás da Cortina” [The Savage Courtain]) aqui, é muito competente!

A premissa não é muito original, é claro. Parasitas controladores da mente já haviam sido feitos antes, notavelmente em Os Manipuladores [The Puppet Masters de 1951] de Robert A. Heinlein, lançado aqui no Brasil na Coleção Argonauta N°226, e depois adaptado para o cinema em Sob o Domínio dos Aliens [The Puppet Masters, 1994]. O tema foi revisitado infinitas vezes, temos mais alguns exemplos ao final do texto.

Voltando: Este episódio realmente brilha nos conflitos pessoais: a morte da família de Kirk, sua escolha sobre destruir um milhão de vidas inocentes e a cegueira de Spock. Kirk perde seu irmão e ele está determinado a não desistir de seu sobrinho e amigo, não importa o que aconteça. Ele é a única pessoa que defende uma “terceira alternativa“, sempre incapaz de aceitar a morte e esse “cenário sem vitória”, como ele sempre fez e fará em diversas outras ocasiões.

Que pressão que Kirk está enfrentando. Depois da tragédia que se abateu sobre Edith Keeler e de encontrar seu irmão morto, as nervos do homem devem estar estilhaçados. Shatner é convincente aqui como um capitão que viu mais do que sua cota de trauma, mas ainda tem a presença de espírito e senso de dever de procurar uma maneira de salvar não apenas o que sobrou da família de seu irmão, mas também os milhões de habitantes de Deneva.

Ele empurra McCoy e Spock para seus limites, colocando-os no assento quente com ele. Sinais claros de frustração e exaustão, mas McCoy continua correndo em direção a uma parede, dizendo que ele executou todos os testes possíveis na criatura. Tinha que ser algo no sol de Denevan que libertasse um dos colonos. Ele tentou calor, radiação… no entanto, acaba sendo o capitão que sugere tentar usar a luz sobre a criatura. Tecnicamente, a luz é radiação, então o que McCoy chama de radiação deve ter sido alguma outra forma de ondas eletromagnéticas ionizantes, talvez micro-ondas, raios-X ou raios gama (Ainda bem que não teve o mesmo efeito que teve em Dr. Banner). Parece estranho que ele não tivesse pensado em usar a luz.

Spock Cego
Spock perdendo a visão

O método científico sugere esperar pelos resultados do teste para ver qual parte do espectro realmente o matou. Em vez disso, McCoy lança todo o espectro de luz em Spock, apenas para descobrir momentos depois que a luz branca era desnecessária. Apenas ondas ultravioletas são necessárias para matar as criaturas. Eu entendo como sob pressão e em frustração emocional, Kirk e McCoy podem ter cometido um erro como este, mas por que o lógico Spock, mesmo comprometido como ele está, não pensaria em esperar alguns minutos? Poderia a criatura impedir que seu hospedeiro encontre a maneira de vencer? McCoy agora, está sobrecarregado pela culpa de cegar seu amigo.

Mesmo com Kirk rabugento e mandão nesse episódio, podemos vê-lo lutando, incapaz de demorar mais que um segundo para sofrer por causa de sua responsabilidade para com a nave, sua tripulação e os colonos de Denevan. A maneira como Spock enfrenta seu destino e McCoy luta com sua culpa também comove.

Spock saindo da câmara e esbarrando em um console, revelando sua cegueira; a exclamação angustiada e acusadora de Kirk, “Magro” [“Bones”], quando ele percebe o erro do médico; e Kirk finalmente se desculpando com McCoy por culpá-lo. As performances de Shatner e Nimoy são exemplares, mostrando sutilmente o quanto Kirk e Spock são torturados por suas respectivas lutas internas enquanto cumprem seus deveres.

McCoy não está com sua competência habitual, cético em cada instante e incapaz de ver as possibilidades que Kirk exige dele. Difícil culpá-lo por não considerar que apenas um tipo de luz mataria os parasitas, não com Kirk apressando-o e com tanta coisa em jogo, que provocou uma reviravolta surpreendente e dolorosa. Não fico confortável, porém,  com a maneira que o final feliz para a cegueira de Spock é executada. O momento em que Spock sai da câmara, cego, é tão poderoso, e dez minutos depois TA-DA! Ele tem a visão de volta. Acho uma manipulação fraca, e sem criatividade.

Obviamente Spock não poderia ficar cego pelo resto da série, mas a solução fácil não me agrada. Seria muito melhor para McCoy encontrar uma maneira de restaurar a visão de seu amigo, redimindo seu erro anterior. Mas este é um erro que os roteiristas da série cometerão novamente. Uma pena. Não poderiam ter usando algum tipo de viseira para proteger os olhos de Spock? Ou quem sabe, um visor para permitir que ele volte a enxergar? Talvez seja muito cedo para isso, em ambos os casos…

Um dos pontos muito competentes do episódio é a música. Há uma boa entrada da música quando eles chegam à superfície do planeta e começam a explorar, muito eficaz e evocativa. A outra é quando Spock é amarrado na cama dizendo “Eu sou um vulcano!” Novamente, muito eficaz.

Um bom final de temporada

Se a equipe de produção e roteiro de Jornada nas Estrelas tivesse filmado esses episódios com um cuidado maior pelo tempo, “A Cidade à Beira da Eternidade” teria sido o final perfeito para a primeira temporada. A lendária frase do Capitão Kirk,vamos dar o fora daqui”, é uma maneira tão boa de terminar uma temporada quanto qualquer outro gancho (com exceção talvez de “O Melhor dos Dois Mundos” [The Best of Both Worlds]. “Sr. Worf, Fogo!”, é talvez a frase de final de temporada mais perfeita que eu já ouvi. Isso não significa que “Operação: Aqniquilar!” seja uma maneira ruim de terminar uma temporada; na verdade, acho que é um ótimo episódio de Jornada.

Este episódio se destaca em momentos de personagem, embora ache que poderíamos ter tido uma cena entre Kirk e se sobrinho Peter (mais sobre isso daqui a pouco…). E há um punhado de dados científicos e de trama, em geral “Operação: Aqniquilar!” encerra a primeira temporada em uma nota sólida.

Apesar que, em um sentido dramático, não é o episódio final ideal para uma temporada, nem o melhor do que a Jornada tem a oferecer, mas é realmente um grande episódio, e oferece em alguns dos aspectos mais agradáveis de Jornada nas Estrelas, que nos fez fãs em primeiro lugar.

O que aconteceu com o Sobrinho de Kirk?

Operação: Aniquilar! Peter Kirk

Uma cena foi removida pelo tempo do corte final, Peter é visto na ponte com um adorável uniforme de Capitão em miniatura sentado na cadeira de comando conversando com seu tio Jim. Seria mostrado como Peter voltaria para Deneva para viver com o parceiro de pesquisa de seu pai e sua família. De acordo com o roteiro original, a cena mostra Kirk questionando o garoto se ele tem certeza que não quer ir morar com sua avó. Ele responde que sim, “Papai achava Deneva o melhor lugar em toda a Galaxia!“. Kirk responde que o parceiro de seu irmão e a esposa dele, sempre quiseram ter um menino.

Se você acredita que a Fase II de James Cawley é canônica, Peter é um graduado da Academia que foi designado para a Enterprise no final da missão de cinco anos como um Camisa Vermelha para morrer. Quero dizer, como oficial de segurança.

Para saber mais sobre Peter Kirk:

  • The Last Roundup (Livro de Christie Golden, 2003)
  • Gemini (Livro de Mike R. Barr, 2003)
  • Sarek (Livro de A. C. Crispin, 1994)
  • Bloodline (Quadrinho)
  • The Enterprise Experiment, part 3 (Quadrinho, Year Four, 2008)

Pensamentos Soltos

Quer mais mentes controladas por alienígenas?

Filmes:

  • Vampiros de Almas [Invasion of the Boddy Snatchers, 1956]
  • Os Devoradores de Cérebros [The Brain Eaters, 1958]
  • O Enigma do Outro Mundo [The Thing, 1982]
  • Eles Vivem [They Live, 1988]
  • Os Invasores de Corpos – A Invasão Continua [Body Snatchers, 1993]
  • Prova Final [The Faculty, 1998]
  • Invasores [The Invasion, 2007]
  • Reflexos [The Broken, 2008]

Veja nossa discussão sobre Operação: Aniquilar!

Ficha Técnica

Direção: Herschel Daugherty
Roteiro: Steven W. Carabatsos
Lançamento: 13 de Abril de 1967

Operação: Aniquilar! [Operation: Annihilate!]
  • Direção
  • Roteiro
  • Diversão
3.2

Um divertido final de temporada

Operação: Aniquilar! poderia ter sido muito mais efetivo, caso não tivesse sido lançado após “Cidade à Beira da Eternidade“, que por sua vez teria sido um final de temporada muito melhor!

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Newton Uzeda

Newton Uzeda, o Terceiro de seu Nome, Viajante de muitos Mundos, Sonhador de Fantasia, Leitor de Sci-fi, o Desafiador da Máquina, o Colecionador de Mundos, o "Último dos Renascentistas", Guardião de Histórias e o Questionador de Autoridades.

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