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Star Trek Discovery – Segunda Temporada – Episódio 05 – Santos da Imperfeição – Review

Star Trek Discovery – Segunda Temporada – Episódio 05 – Santos da Imperfeição – Review

Santos da Imperfeição é o Quinto Episódio da Segunda Temporada de Star Trek: Discovery, roteirizado por Kirsten Beyer, e dirigido por David Barrett,. Enquanto Barrett tem uma longa carreira como diretor e produtor, incluindo a direção do melhor (único?) episódio da Primeira Temporada de Discovery, Magia para fazer o homem mais são ficar louco, Beyer é uma iniciante. É aqui é está o problema.

Não me entenda errado, Beyer é uma autora estabelecida com uma grande lista de romances situados dentro do universo narrativo de Jornada nas Estrelas: Voyager e Quadrinhos para a IDW ambientados no universo de Discovery, mas suas habilidades como roteirista de um episódio para a televisão, são minimamente, questionáveis. Vamos olhar mais de perto.

Discovery está de volta!

Alguns amam, outros odeiam. O fato é que a casa de Jornada nas Estrelas está uma bagunça. Com uma base de fãs dividida, problemas legais se amontoando nas mesas de advogados e grande parte dos roteiristas não conseguindo criar personagens e histórias que a maioria dos fãs se relacionem, infelizmente o futuro de Jornada nas Estrelas, como franquia, é conturbado.

Após uma primeira temporada repleta de retaliações de uma grande parcela dos fãs enfurecidos pelos rumos tomados pelo estúdio, a Segunda Temporada de Discovery estreava com uma promessa: Os fãs descontentes foram ouvidos e levados em consideração. Mudanças serão feitas para adequar nossa história a um formato que agrade os dois lados desta base de fãs dividida.

Com um problema aqui, outro ali, Discovery parecia estar se esforçando. Os uniformes coloridos, um clima de exploração e mistério, um Capitão que carrega a ideologia da Federação com orgulho. Mas estariam eles sendo sinceros, ou era apenas maquiagem para aquietar a parcela mais barulhenta dos insatisfeitos?

Conforme os episódios iam passando, o “clima de Jornada nas Estrelas” ia tomando conta da história contada, e a sensação de que fomos ouvidos se solidificava. Entra os Santos da Imperfeição, e joga agua fria nos sonhos das pessoas. O episódio passa grande parte de seu tempo de tela se esforçando para trazer a primeira temporada de volta! Dr. Culber, está de volta. Almirante Cornwell, está de volta. Tyller, está de volta. Georgiou, está de volta. E até os hologramas estão de volta!

O título do episódio me incomoda um pouco: “Santos da Imperfeição“.  O que eles realmente querem dizer com isso? A parte da imperfeição eu entendo logo de cara, Discovery não é uma série perfeita, muito pelo contrário. Mas “Santos”? Estaria Beyer se colocando em uma posição de “não culpada” pelos problemas da série, ou querendo ser canonizada por fazer, sob a perspectiva dela, um pequeno milagre com o que recebeu de matéria prima?

Discovery está de volta, lá no começo da primeira temporada.

Santa Imperfeição, Batman!

Uma parte importante do tema principal do episódio é a “renovação“. Na natureza nada se perde, tudo é aproveitado de alguma forma. O episódio ainda invoca o nome do “pai da química moderna“, o francês Antoine Lavosier.

“Em uma reação química feita em recipiente fechado, a soma das massas dos reagentes é igual à soma das massas dos produtos.” Antoine-Laurent de Lavosier

A “Lei da Conservação da Matéria” ou o “Princípio de Conservação de Massa“, citada por Burnham, afirma que para qualquer sistema fechado a todas as transferências de matéria e energia, a massa do sistema deve permanecer constante ao longo do tempo, pois a massa do sistema não pode mudar, portanto a quantidade não pode ser adicionada nem removida. Assim, a quantidade de massa é conservada ao longo do tempo.

“Rien ne se perd, rien ne se crée, tout se transforme.” (“Nada é perdido, nada é criado, tudo se transforma.)

Este é um tema constante no episódio, que nos é informado por diversas vezes de diferentes formas. Algo quer ser dito aqui. Pois é, este tema, vai se chocar com o conflito final do episódio, onde o Dr. Culber não poderia retornar para o universo “normal” com Stamets, porque ele foi criado por matéria do “mundo dos esporos“. O que já lança a pergunta: Porque o mundo dos esporos estava atacando Culber, visto que ele era feito de matéria do mundo deles, e não do nosso como Tilly?

Esta é uma excelente oportunidade para darmos um fim interessante para Stamets, se sacrificar para ficar com Culber no mundo dos esporos, visto que já deixaram Jett Reno,  a nova Chefe de Engenharia,  pronta para entrar em ação! Mas não, eles precisam dar um jeito de trazer Culber de volta. Então eles trazem ele através da MASSA que foi criada dentro de Tilly para que a Menina Fungo pudesse passar para o universo normal. De onde veio esta massa? Ela apareceu dentro de Tilly, e foi retirada por Stamets com o mesmo aparelho que eles cortaram o pedaço do asteroide. Então essa Massa é parte de Tilly? Não fica claro de onde esta massa veio, e o episódio se esquiva da explicação.

Sem contar que a MASSA que surgiu dentro de Tilly, cresce a ponto de tomar um grande espaço dentro da engenharia, com tamanho o bastante para que a própria Tilly, e posteriormente Culber que é maior que ela, entrem dentro dela. Tecnologia para deixar os Senhores do Tempo invejosos!

Eles poderiam trazer Culber de volta, vivendo dentro de Stamets, como a Menina Fungo fez em Tilly, o que seria uma maneira muito mais sutil de demonstrar a perda de um ente querido que continua vivendo dentro de nós após a morte. Mas sutileza não é o forte de Discovery.

Mesmo que o “tudo se transforma” fosse levado não ao pé da letra como Lavosier pretendia, mas sim subjetivamente, os personagens deveriam passar por mudanças! Mas num episódio onde o status quo ante é destino, desenvolvimento de personagem é algo que beira o impossível.

O Reencontro de Stamets e Culber

Eu tenho um problema muito grande com o reencontro dos dois. Vamos lá:

Você reencontra o amor de sua vida, que julgava estar morto, vivo em um outro universo e no momento que seus olhares se cruzam sua primeira atitude não é dar um beijo nele? Por favor! Depois de tanto tempo, e tanto sofrimento, nem um beijinho aconteceu?

Ainda mais depois de todo o barulho que fizeram na primeira temporada dizendo o quão progressista a série era por ter o primeiro beijo gay de Star Trek (O que não era!) em Para a Floresta eu vou [Into the Forest I Go]. Nunca escondi que eu achei o beijo mal aproveitado. A série teve uma outra oportunidade única de mostrar o beijo entre os personagens de uma maneira mais orgânica e cotidiana, quando foram mostrados escovando os dentes nos aposentos deles. Era uma cena de intimidade de um casal, e um beijo antes de irem para a cama dormir, poderia mostrar muito mais cumplicidade que um “grande beijo hollywoodiano“,  como foi feito.

Se querem mostrar que um beijo gay é uma coisa normal, o que é, tratem como tal! Mostrem o carinho dos personagens como acontece em nosso mundo real. Na época, achei um desperdício de oportunidade sem tamanho, e uma falta de tato da produção e dos diretores, mas olhando agora sob o olhar desta “nova falta de tato“, percebo claramente que a série só queria os holofotes e não representatividade.

Eles simplesmente não se beijarem no reencontro, é uma falta de respeito com os personagens que eles alegam estarem criando! Não tendo dúvidas que se fosse um casal hétero, o beijo aconteceria. Pois é Discovery, você não é tão moderninha como se julga ser.

Sessão 31

A Sessão 31, antes secreta e obscura, agora coloca anúncio de emprego nas páginas amarelas! Todo mundo sabe da existência do tal “departamento oficialmente não existente“. Pike sabe, Burnham sabe, todo mundo da ponte sabe! Fora que ninguém se importa com o fato de Tyler, o Klingon infiltrado que matou Culber, esteja de volta depois de sumir com um bom tempo, com o uniforme Sci-fi Fashion Week da Sessão 31, direto na ponte de comando como INFORMANTE!

Agora a Federação tem uma tecnologia secreta de camuflagem, muito antes de termos nosso primeiro contato com os Romulanos, em O Equilíbrio do Terror [The Balance of Terror], o conhecimento de Viagem no Tempo, antes de ser descoberto acidentalmente em Hora de Nudez [The Naked Time], e comunicadores integrados nos distintivos muito antes da Patota de Picard ter nascido!

Veredito!

As vezes eu sinto como se a produção da série estivesse “tirando um sarro” de nossa cara. Discovery já nos enganou antes, e nos engana novamente. Nos pediram desculpas e traíram nossa confiança. Não a terão novamente.

Veja nossas primeiras impressões em vídeo!

Pensamentos soltos no espaço

  • Adorei ver o Capitão Pike colocando Tyler em seu lugar. “Na minha ponte você só fala quando questionado, Tyler!
  • Adorei ver o Capitão Pike colocando Burnham em seu lugar. Só uma abanada de mão para ela ficar quietinha! Lindo!
  • Raio Trator que precisa de “ganchos”? Hmmmm Engraçado como algumas tecnologias avançam enquanto outras regridem.
  • Juramento de Dedinhos! Jura que caímos para esse nível de regressão de personagens?
  • Pike comenta que Leeland estava lutando com Jacarés em Cestus 3. Onde Kirk enfrentou o Gorn, no episódio Arena. Não era a primeira vez que eles estavam naquela região do espaço, tanto que o conflito foi territorial?
  • Eu gostei do Dr. Culber de Black Power! Ele estava uma mistura de Jimmy Hendrix com Bob Dylan. Deveriam ter deixado.
  • Gosto desse Pike, pena que ele está cercado de roteiristas, na melhor das hipóteses, medianos.

Ficha Técnica

Saints of Imperfection – Santos da Imperfeição

Direção: David Barret (O Arqueiro [Arrow], Castle, V: Visitantes, Nikita, Jornada nas Estrelas: Enterprise)

Roteiro: Kirsten Beyer

Lançamento: 14 de fevereiro de 2019


Veja nosso Guia de Episódios da Segunda Temporada de Star Trek: Discovery

Episódio Anterior: Uma Moeda para Caronte

Próximo Episódio: (*Em Breve!)

Newton Uzeda

Newton Uzeda, o Terceiro de seu Nome, Viajante de muitos Mundos, Sonhador de Fantasia, Leitor de Sci-fi, o Desafiador da Máquina, o Colecionador de Mundos, o "Último dos Renascentistas", Guardião de Histórias e o Questionador de Autoridades.

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