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The Orville – Segunda Temporada – O Mundo é um Bolo de Aniversário

The Orville – Segunda Temporada – O Mundo é um Bolo de Aniversário

The Orville chega ao quinto episódio da Segunda Temporada, O Mundo é um bolo de Aniversário [All the World is a Birthday Cake]. Este episódio, com roteiro de Seth MacFarlane, nos leva para presenciar o Primeiro Contato com uma nova civilização.

O Mundo é um Bolo de Aniversário

Enquanto a Comandante Grayson (Adrianne Palicki) e Bortus (Peter Macon) discutem se farão ou não uma festa de aniversário conjunta, a Tenente Talla Keylai (Jessica Szohr), capta uma transmissão vindo de algum lugar no Sistema Gama Valorum, um sistema planetário com 7 planetas. Depois da confirmação de Isaac (Mark jackson), a Tenente Keylai decodifica e traduz a mensagem. “Tem alguém ai?

Neste momento a nave se ilumina de emoção, pela possibilidade de presenciar primeiro contato com uma nova civilização. Bortus confirma que não existem registros de contato com este sistema, e energizado pela magnífica trilha sonora o Capitão Mercer (Seth MacFarlane) informa a tripulação que se preparem para primeiro contato. A nave toda explode de alegria. Como o Tenente Gordon Malloy (Scott Grimes) diz, como se verbalizando nosso pensamento de espectador: “É para isso que estamos aqui!” Marcar curso para Gama Valorum, ative Motor Quântico!

O Primeiro Contato

Como já foi dito infinitas vezes, “The Orville é uma carta de amor para Star Trek“, e em momentos como este podemos ver o quanto de análise e dedicação existe por parte dos roteiristas. Uma grande parte de Jornada nas Estrelas: A Nova Geração, trata justamente sobre este momento tão especial de “procurar novas formas de vida e novas civilizações“; uma parte que infelizmente a própria Jornada nas Estrelas parece ter se esquecido. Mas Orville está aqui, e se lembra.

O encontro com novas civilizações, é um dos fundamentos e ideais de Jornada, tão importante que é verbalizado na narração da abertura da série. Orville como esta “carta de amor”, faz bem em colocar em sua cornucópia de roteiros temas como este.

Primeira Diretriz em Jornada nas Estrelas VS a equivalente em The Orville

Em Jornada nas Estrelas a Primeira Diretriz, também conhecida como Ordem Geral 1 da Frota Estelar, era a personificação de um dos mais importantes princípios éticos da Frota Estelar: a não-interferência com outras culturas e civilizações. Em sua essência, o conceito filosófico que cobria o pessoal deveria abster-se de interferir no desenvolvimento natural, não assistido, das sociedades, mesmo que tal interferência fosse bem intencionada. A Primeira Diretriz era considerada tão fundamental para a Frota Estelar que os Oficiais juram defender a Primeira Diretriz, mesmo ao custo de sua própria vida ou da vida de sua tripulação.

Se a Primeira Diretriz é correta ou não, e seus desdobramentos morais e filosóficos, é um debate para uma outra oportunidade. Mas sempre bom lembrar uma frase do Capitão Picard:

Não pode haver justiça, desde que as leis sejam absolutas. A própria vida é um exercício de exceções “.
– Jean-Luc Picard, 2364

Em Orville, o primeiro contato pode ser feito a partir do momento que a civilização em questão tenta fazer contato fora de seu planeta, ao contrário de Jornada que só pode ser feito após o desenvolvimento de uma tecnologia que permita a civilização executar viagens interestelares. O argumento para este diferença é que “nem todo mundo é bonzinho aqui fora”.

Qual versão é mais “correta” é difícil de saber sem uma análise mais profunda, mas são fortemente diferentes.

Qual seu signo?

O episódio se desenvolve e tudo parece estar indo muito bem com a interação com o povo de Rigor II, até que a Comandante Grayson, comenta que tanto ela quanto Bortus farão aniversário nesta semana. O clima muda, e os dois são levados para um lugar ainda desconhecido, enquanto Mercer e o resto da equipe de campo, são encaminhados para uma cela, e tem pedaços dos dentes extraídos para confirmar sua data de aniversário.

O caso é: Em Rigor II, eles são regidos por uma crença no Zodíaco, que divide a população em uma espécie de “casta”. Todos nascidos sob o signo de Giliac, são naturalmente violentos e criminosos, e são levados para uma espécie de campo de concentração onde passarão o resto de suas vidas. A crença neste sistema é tamanha, que os próprios Giliacs acreditam que são violentos, mesmo sendo demonstrado que não.

Como se não pudesse piorar, os nascidos no signo subsequente serão os lideres desta sociedade no futuro. E toda troca de ciclo, as pessoas se reúnem em praça pública para assistirem ao prefeito do planeta, basicamente lendo a sessão de horóscopo do jornal. Forte referência visual para 1984 (George Orwell, 1949).

Vamos olhar mais de perto

Como uma idéia para um episódio de uma série de ficção científica, eu achei simplesmente genial. Desde a discussão sobre o aniversário deles, até as cesarianas induzidas prematuramente; tudo sutilmente construído para a revelação da trama. Devo admitir, eu não vi esta boiada estourando. Roteiro muito esperto e bem construído estruturalmente.

Embora eu consiga ver de longe as turbas de pessoas que acompanham os astros para tomarem decisões em suas vidas reclamado da Astrologia ser pintada como um vilão no episódio; eu não consigo interpretar de uma maneira ruim o que estão tentando fazer aqui.

Parece-me pouco provável que consiga-se erguer um regime totalitário baseado no horóscopo. O caso mais extremo que temos de uma tentativa de “construção social” baseada no zodíaco, numa tentativa de “evitar um signo ruim”, foi uma queda de 25% na taxa de natalidade do Japão durante o ano do Cavalo de Fogo, em 1966. Não, não o desenho.

Eu não sou nem de perto um entendedor, mas me parece óbvio que isso só aconteceu, devido ao horóscopo Chinês ser baseado em mudanças anuais. O horóscopo ocidental e o indiano são baseados em mudanças de signos muito mais próximas; no caso, aproximadamente mensais. Neste caso, toda tentativa de evitar que seu filho nasça em um “signo ruim”, resolve-se em esperar um mês, e não um ano!

Embora pouco provável, a possibilidade de criar-se um dogma tão forte a ponto de moldar uma sociedade, a ideia me encanta. Não vi um problema aqui.

Este episódio, deu um pequeno deslize, bem de leve. Ele não foi capaz de nos mostrar os dois lados da moeda. Apenas vimos que “horóscopo mau, união boa“, contrário de “Sobre uma Garota” que nos dá uma aula de como analisar todos os lados de uma questão. Óbvio que eles tinham a intenção de representar uma “situação extrema” onde a crença os leva a tomas decisões ruins, mas seria interessante ter o outro lado melhor explorado.

A solução

A tripulação da Orville mente para um planeta inteiro. Eles descobrem que a marginalização dos nascidos sob o signo de Giliac começou muitos anos antes, quanto a civilização de Rigor II ainda se desenvolvia, uma estrela sumiu do céu (Formando um Buraco Negro), e simulam o reaparecimento desta estrela. Eles colocam uma vela solar em posição para refletir uma outra estrela e uma boia espacial para evitar que os primitivos sensores de Rigor II percebam a mentira.

Não sei se fico confortável com a solução encontrada pela equipe de Mercer. Mentir para uma civilização inteira não era a melhor saída, mas dado o curto período de tempo que eles tinham para resolver a questão, talvez fosse a única possível.

Pelo menos o episódio é consciente que não foi a melhor escolha. Quando Mercer é questionado por Keylai sobre o que eles irão fazer quando a farsa for descoberta, ele simplesmente responde: “Não sei”. Ponta solta para uma trama futura. Tomara que voltem neste tema na terceira temporada. Conhecendo The Orville, eles voltarão.

Tenente Talla Keylai

Ainda é cedo para dizer, mas eu acho que poderei gostar mais desta nova chefe de segurança que de Alara. Eu adoro a Alara, não me entenda errado, mas tenho alguns pontos.

Enquanto os conflitos pessoais de Alara eram focados em sua insegurança e inexperiência com a vida, e seus questionamentos de “será que eu sou boa”, “será que eu consigo” e “será que gostam de mim”; que são temas interessantes quando muito bem desenvolvidos, o que foram; eles são temas um tanto quando “adolescentes”.

Embora pessoas possam passar por isso em qualquer ponto da vida, não só na adolescência, meu ponto é que Keylai por ser mais madura, poderá ter conflitos mais maduros. O que talvez me agrade mais.

Os conflitos de Keylai não serão baseados em “se ela consegue fazer” mas sim em “se ela deve fazer”. Keylai não parece ter problemas de agir, ou de autoconfiança, e eu espero que ela por ser mais experiente que Alara, tenha problemas mais densos.

Vamos ver o que a Tenente Keylai nos trará.

Pensamentos soltos no espaço

  • Filhos de Giliacs, dentro dos “campos de concentração“, mas em outro signo são levados para fora dos campos para viver normalmente na sociedade. Interessante notar como o que importa é exclusivamente o signo, e não a descendência da criança.
  • Jessica Szohr, a atriz que interpreta Talla Keylai, participou de “Piranha 3D” (2010)!
  • O diretor do episódio é o é o Tom Paris, de Jornada nas Estrelas: Voyager [Star Trek: Voyager]
  • Sentirei falta do Tenente Tharl (Patrick Warburton)!

Veja nossa análise em vídeo

Ficha Técnica

Dirigido por Robert Duncan McNeil

Roteiro por Seth MacFarlane


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Newton Uzeda

Newton Uzeda, o Terceiro de seu Nome, Viajante de muitos Mundos, Sonhador de Fantasia, Leitor de Sci-fi, o Desafiador da Máquina, o Colecionador de Mundos, o "Último dos Renascentistas", Guardião de Histórias e o Questionador de Autoridades.

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