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The Orville – Impressões Duradouras [Lasting Impressions]

The Orville – Impressões Duradouras [Lasting Impressions]

Impressões Duradouras [Lasting Impressions] nos trás pela segunda vez uma história focada em Gordon Malloy (Steve Grimes), cheia de elementos de ficção cientíca escondidos pelo episódio, a participação de Tim Russ, o Tuvoc de Jornada nas Estrelas: Voyager [Star Trek: Voyager] e um tema que fala diretamente com os primórdios de Jornada, no primeiro episódio piloto, A Jaula [The Cage]: Devemos nos manter fiéis a realidade, quando a fantasia é tão mais interessante?

The Orville – Impressões Duradouras

Impressões Duradouras começa com Tuvoc mostrando os achados de uma “Cápsula do Tempo” que deverá ser levada até um museu. Para quem não sabe, uma Cápsula do Tempo é um recipiente que contém diversos itens que pessoas escolhem para deixar para pessoas do futuro encontrarem. Basicamente qualquer coisa pode ser colocada em uma Cápsula do Tempo. Cartas, dinheiro, objetos de interesse pessoal, carros, fotos, e até cigarros, como veremos mais para frente. No caso, o objeto de interesse do episódio é um celular, colocado na cápsula em 2015, que chegou até as mãos de Gordon no futuro.

Após LaMarr conseguiu carregar a bateria do celular, e Yaphit sugerira ideia maluca de “desligar e ligar novamente”, eles conseguem acessar as informações do telefone, e encontram, em meio a uma infinidade de mensagens, um vídeo da dona do celular, Laura (Leighton Meester). Ela diz que como ela não queria jogar este aparelho no fundo da gaveta depois que comprou um novo, ela decidiu coloca-lo na cápsula do tempo. Ela automaticamente atrai a atenção de Gordon, que fica fascinado por ela.

E porque não ficaria? A oportunidade que se apresentou é incrível. Imagine você poder conhecer detalhes da vida particular de uma pessoa morta a mais de 400 anos? É claro que nossos métodos de preservação histórica são muito diferentes dos de antigamente. Mas não é tão simples assim, como veremos mais a frente.

Gordon decide levar o celular até a sala de simulação, e lá, pede para o computador criar uma simulação tomando como base as informações encontradas no aparelho. Vale notar que no primeiro episódio de The Orville, Velhas Feridas, Gordon é apresentado dentro de uma simulação que ele criou, o que nos diz que ele é uma pessoa que gosta deste tipo de atividade e sabe como programar as simulações. Mas aqui ele procura a experiência real, e não interfere na simulação.

Nos somos transportados para o passado, para dentro de uma festa no apartamento novo de Laura. Lá Gordon a conhece, e ela acaba se interessando por esse cara estranho que apareceu dentro da casa dela. Eles conversam, ela o convida para assisti-la cantar em um bar e a relação deles vai se fortalecendo. Tudo de forma orgânica e extremamente bem escrita e atuada pelos dois. E Gordon vai ficando cada vez mais apaixonado por ela.

É extremamente divertido vê-lo tentando convencer os amigos a ir conhece-la, e todos ficam claramente deslocados no ambiente. Um detalhe aqui, é muito bacana vê-los com roupas normais. No episódio de Star Trek Discovery, lançado na mesma semana, Projeto Dédalo, nós tivemos um problema com a roupa do Dr. Culber, que era uma roupa dos dias atuais. Aqui temos um caso muito parecido, mas feito corretamente. É interessante notar o quão desconfortáveis eles estão naquelas roupas.

Tudo vai muito bem para Gordon, até que seus amigos começam a argumentar que ele está usando muito da simulação, e que isso não seria saudável. Este tema já foi abordado em “Impulsos Primitivos” [Primal Urges], porém sob uma outra ótica. Aqui a discussão é sobre o que é a realidade. A relação dele com Laura, é real, o sentimento que ele tem por ela é real. Para Gordon, não existe dúvidas.

O problema se agrava, quando o antigo namorado de Laura aparece, e como a simulação foi feita tendo as informações do celular como base, o computador da Orville cria o antigo namorado também, e repete a história. Gordon decide deletar o rapaz da simulação, mas descobre que nem tudo é tão fácil. A Laura que ele conheceu, tinha um passado, onde este namorado a influenciou, e a mudou. Como toda e qualquer relação que nos temos em nossa vida.

Nós somos modificados pelas pessoas com quem convivemos, aprendemos com elas, com os erros e com os acertos. Se retirarmos esta pessoa de nossa vida, nós não seremos o mesmo. Hoje em dia, em época de redes sociais, as pessoas tem o costume de deletar suas antigas relações. Bloqueia no Facebook, deleta do Instagram, não responde no WhatsApp. Fotos são deletadas, como se aquela pessoa não existisse, o que é impossível. Mesmo que aquela relação tenha sido péssima, você aprendeu com ela. Você não é mais a mesma pessoa, e aquela relação, por mais traumática que seja, faz parte de você.

Gordon decide deixar que a história de Laura continue como deve ser. Gordon a amou, e por isso ele a deixou ir. Ela fez uma escolha. Mas ele retorna para se despedir dela, e fala que ele vai trabalhar longe e que não irá mais voltar, mas não sem antes cantar com ela no palco, e tirar uma foto de despedida, no celular que irá para a Cápsula do Tempo. Grayson disse que Laura foi uma pessoa incrível, que atravessou o tempo e fez um cara do futuro se apaixonar por ela. Certamente este episódio é um desses que irá atravessar o tempo. Dentro deste microcosmos da simulação, eles podem estar juntos para sempre.

Que maneira linda de terminar um episódio sobre viagem no tempo.

Um episódio doce e emocionante, extremamente bem escrito e de um poder de construção ímpar para Gordon. Vamos lembrar que é a segunda pessoa que ele perde. Primeiro Orrin em “Sangue dos Patriotas” e agora Laura. Perdas e conflitos, constroem bons personagens. Gordon era até a pouco, um alívio cômico para a série. Agora ele é um personagem denso e forte, pronto para voos mais altos.

Ela tem uma ilusão e você tem a realidade, que seu caminho seja tão agradável quanto o dela” – O Guardião, em A Jaula [The Cage]

Bortus, Klyden e os 500 cigarros

Impressões Duradouras, nos entrega uma história secundária que de certa forma espelha “Impulsos Primitivos”, o que coloca os Moclans como os caras mais suscetíveis a vícios da galáxia. É a segunda vez que Bortus fica viciado em algo!

Dentro da “Cápsula do Tempo” foi encontrado um maço de cigarros, e Bortus e Klyden levam um para o replicador, e loco ficam viciados. E, mesmo com sua constituição que resiste a tudo, o cigarro faz mal e eles terão que parar de fumar. A história toda, gira em torno desta abstinência que os consome, e somente como um casal que eles poderão passar por esta.

Para algo que estava afastado das telas, esta é uma grande participação especial!

É interessante, dado que a relação dos dois está desgastada por diversas discordâncias que existem entre eles. Bortus mesmo já demonstrou dificuldades em ligar com esta relação, e no episódio “Escudos” [Deflectors], o roteiro faz força para nos mostrar o quanto Kliden pode ser uma pessoa com uma visão de mundo horrível. Coloca-los em uma situação onde eles precisam um do outro para vencer é, minimamente, esperto.

Outro ponto interessante, e agora penso na fotografia do episódio, é a fumaça dos cigarros. Os cigarros foram abolidos do cinema e da televisão, por diversos motivos que variam de politicagem, a não identificação com um produto nocivo a saúde ou legislações. Mas uma coisa foi perdida neste processo, a fotografia da fumaça é uma coisa muito bonita quando bem feita.

Vamos pensar em todos os filmes Noir, onde o cigarro podia servir como um personagem. Sempre em cena, possibilitando salas cheias de fumaça que, com o uso de “backlighting”, criavam um ambiente cheio e carregado, repleto de desenhos flutuando pela sala. É um estilo de fotografia que está praticamente perdido na história.

O próprio cigarro é um elemento praticamente inexistente no cinema e na televisão hoje em dia, sendo praticamente reservado aos vilões, ou pessoas com hábitos detestáveis. Ver um cigarro na televisão, depois de tantos anos, causa uma estranheza sem tamanho, e certamente foi uma surpresa.

Preservação de Arquivos Digitais

Outro ponto tocado rapidamente pelo episódio, é sobre a preservação de toda nossa cultura digital. Um livro, ou um vinil, podem ser preservados por um tempo praticamente indeterminado, desde que em um local propício. Quando alguém chegar para lê-lo, ou ouvi-lo, basta começar. Com arquivos digitais, a questão não é a mesma.

Veja bem, hoje em dia já encontramos problemas para abrir arquivos muito antigos, que provavelmente não temos mais como interpretar este arquivo digital. Isso sem contar com a vida útil de uma mídia, que pode deixar de funcionar com o tempo, ou o custo de preservação destes arquivos.

Talvez por isso que eles tenham ficado tão impressionados em achar o celular de Laura, e poderem ter acesso a estes dados que talvez não tenham sido preservados de outra forma. Ou talvez tenham sido apagados por algum ex-namorado que queria esquecer seu antigo relacionamento.

Pensamentos Soltos no Espaço

Onde encontrar temas parecidos

  • Em algum lugar do passado [Somewhere in Past]. O filme em que Christopher Reeve, o verdadeiro Super-Homem, viaja no tempo para encontrar uma mulher que ele se apaixonou após ver uma foto.

Veja nossa análise em vídeo

Imagens do Episódio

Ficha Técnica

Direção: Kelly Cronin
Roteiro: Seth MacFarlane
Data de Lançamento: 22 de março de 2019

The Orville - Impressões Duradouras [Lasting Impressions] S02E11
  • Direção
  • Roteiro
  • Diversão
3.5

Impressões Duradouras

Mais um episódio focado no Gordon! Embora ele seja um personagem importante e super carismático, não conhecíamos muito sobre ele. Com estes dois últimos pudemos finalmente conhece-lo de verdade.

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Newton Uzeda

Newton Uzeda, o Terceiro de seu Nome, Viajante de muitos Mundos, Sonhador de Fantasia, Leitor de Sci-fi, o Desafiador da Máquina, o Colecionador de Mundos, o "Último dos Renascentistas", Guardião de Histórias e o Questionador de Autoridades.

2 comentários sobre “The Orville – Impressões Duradouras [Lasting Impressions]

  1. o episodio é evidentemente inspirado no classico dos anos 40 “Laura” .Por isto a moça do celular se chama Laura e como “Laura” é considerado um filme noir deve ter inspirado também o tema secundário dos cigarros.

    1. Poxa Mauricio, muito bem apontado! Não assisti este filme, mas li brevemente sobre ele agora que você falou. Estou empolgado para assisti-lo. Farei o mais brevemente possível. Muito obrigado pelo seu comentário.

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