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Star Trek Discovery – Pelo Vale das Sombras

Star Trek Discovery – Pelo Vale das Sombras

Estamos chegando ao final da segunda temporada de Star Trek Discovery e, “Pelo Vale das Sombras” nos mostra um outro lado da cultura Klingon, com o filho de Voq e L’Rel mostrando ao Capitão Christopher Pike algo que ele não previa para seu futuro. A Sessão 31 está armando um plano para capturar Michael Burnham e Spock a ajuda a enfrentar esta nova versão da AI.

Christopher Pike e os Cristais do Tempo

A Primeira Temporada de Discovery sofreu muito com a falta de um Capitão que fizesse justiça aos ideais da Federação, sendo que o Capitão Gabriel Lorca era na verdade a sua versão espelho. Entra Christopher Pike para a segunda temporada, e com ele vem esta imagem do Capitão honrado e nobre que representa a Federação como nós a conhecemos. De cara o Capitão Pike foi bem aceito por uma grande parcela de fãs. Até mesmo pelos fãs mais insatisfeitos com os rumos que a série havia tomado desde então.

Pike é um ícone de Jornada nas Estrelas, mesmo tendo aparecido somente no episódio piloto da série, que foi negado pela produtora, e posteriormente no episódio A Coleção [The Menagerie], que foi uma maneira de utilizarem o material do episódio piloto dentro da série, e introduziu o tão falado acidente que deixa Pike preso a uma espécie de cadeira de rodas que sustenta sua vida. Depois disso, Pike ficou no imaginário de Jornada nas Estrelas como um ponto guia para a federação. Posteriormente ele seria visto no primeiro filme da Linha do Tempo Kelvin, em Star Trek 2009, interpretado por Bruce Greenwood.

Quando Pike chega ao Paneta Colônia Klingon, Boreth, em busca dos “Cristais do Tempo”. Boreth serve de casa para o filho de Voq e L’Rel, sendo criado pelos Monges Klingon, que descobrimos serem “Guardiões do Tempo”. Estes “Guardiões do Tempo” parecem ter a função de preservar a linha temporal, assim como impedir que os “Cristais do Tempo” saiam de Boreth. A única maneira de alguém retirar um cristal do planeta, é pagando um “grande custo”. Toda esta história de “Cristais do Tempo” e “Guardiões do Tempo” tem um clima muito Doctor Who para mim, e me parecem um pouco deslocados em Jornada nas Estrelas.

Pike ao decidir que qualquer custo seria aceitável dada a alternativa, ele acaba confrontando seu trágico “destino”, em uma cena muito forte onde ele presencia o acidente que o aguarda, assim como seu confinamento na “cadeira de rodas”, vendo seu rosto deformado pela radiação. Anson Mount simplesmente da uma aula de atuação naquela que talvez seja a primeira grande atuação de Discovery! Sua reação é precisa numa explosão de horror e descrença.

Loco após isso, é lhe dada a chance de poder alterar este “destino” deixando o cristal no planeta. Pike busca forcas nos ideais que ele sempre acreditou e defendeu e aceita seu destino para um bem maior.

Eu não irei abandonar as coisas que me fizeram quem eu sou por causa de um futuro… que contém um fim que eu não previa para mim.”Capitão Christopher Pike

Enquanto uma cena muito forte e bem vinda, me causa um desconforto esta posição da produção de colocar Pike em um pedestal. É claro que ele é uma figura inspiradora, que será seguido por muitos. Isso eu não discuto. Agora fortalece-lo as custas dos outros Capitães da Frota Estelar eu acho um pouco demais. Nenhum capitão mostrado até agora em Discovery, é um bom capitão. Todos eles tem personalidades machucadas e falhas de caráter, que não encaixam com os ideais da Frota Estelar. Gostaria de ver Pike se sobressair tendo ao lado dele outros grandes capitães, e não desta maneira.

O trabalho de Anson Mount não termina por aqui, mais para o final do episódio nós o vemos falando com Voq e L’Rel e a maneira como ele fala é outra. Pike está mudado pelo acontecimento e é sentida a mudança na atuação de Mount. Um excelente ator, que merecia uma série dele como protagonista. Quem sabe num futuro próximo? Nós podemos sonhar não podemos.

O conceito de “Destino” em Jornada nas Estrelas

Jornada nas Estrelas sempre foi uma série humanista, que colocou o ser humano como a força motriz de seu caminho. É a inventividade, o protagonismo e a esperteza humana que nos permite resolver nossos problemas e explorar as estrelas. Discovery já havia colocado o tema “destino” em outro episódio, mas desta vez eles bateram o último prego neste caixão. Dentro da narrativa de Discovery é o Destino que guia as ações dos personagens, mesmo que disfarçados de “escolhas”, como foi o caso desta cena.

É claro que o personagem Pike, para os roteiristas, tem um destino. Os roteiristas tem, ou deveriam ter, uma obrigação, visto que estão escrevendo uma história pregressa, de guiar o personagem até os acontecimentos que sabemos ter acontecido no futuro. Mas, dentro no universo em sí, eu fico bem incomodado com esta linha guia do destino existir e tomar dos personagens o protagonismo humano que sempre se fez presente nos roteiros de Jornada nas Estrelas.

Tome “Cidade à Beira da Eternidade” [City on the Edge of Forever] como exemplo. A volta do Dr. McCoy no tempo, causa a “não morte” Edith Keller. Ela por ser protagonista, e ter a força para criar seu próprio futuro, modifica a história como nós a conhecemos. Ela impede que os Estados Unidos entrem na segunda guerra mundial através de um movimento pacifista liderado por ela. Isso, obviamente, causa repercussões que permitiram o Eixo de saírem vitoriosos, modificando o mundo como nós conhecemos.

Isso mostra a força de uma única pessoa e o poder que cada um de nós temos de traçarmos nosso próprio caminho. Caso o destino já esteja definido este protagonismo deixa de existir enquanto o personagem é guiado por uma linha guia pré traçada, levando-o para o bem ou para o mal.

Eu acho esta escolha que os showrunners e os roteiristas tomaram, extremamente errada. Ela não fala diretamente com as histórias que sempre foram contadas, e simplesmente tiram todo o mérito de todos os personagens que já “tomaram uma decisão” em Jornada nas Estrelas. Eles não tomaram decisão nenhuma, tudo já estava pré definido.

Michael Burnham contra o T-3000

A história secundária do episódio, nos mostra Michael Burnham indo atrás de uma nave da Sessão 31 que Tyler informa “não ter batido o cartão” na hora certa. Isso desperta o interesse de Burnham que se prontifica a investigar. Tyler admite que nada é capaz de impedi-la de fazer o que ela quer, e o Capitão Interino Saru, acata a vontade de Burnham de ir investigar, mas recomenda cuidado. Saru ainda envia Spock junto com a irmã para garantir que tudo aconteça sem riscos desnecessários.

Chegando ao local, Burnham consegue atropelar uma pessoa no meio do espaço para depois descobrirem que a nave da Sessão 31 foi inteira aberta para o espaço, jogando todos para fora. Mas um dos corpos ainda tem sinais vitais. De acordo com um flashback totalmente desnecessário, somos informados que ele era um dos oficiais de ponde a bordo da Shenzhou durante a Batalha das Estrelas Binárias, que nunca nos foi apresentado.

A informação poderia nos ser entregue exclusivamente pelo diálogo. “Oi, lembra de mim? Eu sou a Burnham, aquela que causou a Guerra Klingon e ganhei uma medalha?”. Ou poderia ainda nem ser abordada, visto que eles se conhecerem não influiu em nada na história, mas em fim. Talvez eles quisessem nos dar a sensação que tudo estava planejado desde o começo. Bom, não conseguiram.

Como era esperado, o colega de Burnham estava infectado pela AI, e tinham um plano para capturar Burnham, que ele julga ser um risco para seu plano maior de erradicar a galáxia de toda e qualquer forma de vida. O problema é que o plano é uma porcaria! Ficar no espaço esperando alguém vir ao resgate, sem ter como saber que alguém viria, e muito menos que seria Burnham. Tem muito cheiro de roteirista fazendo força para ninguém perceber que ele forçou a barra.

O desenrolar da trama é uma sucessão de tiros, onde Michael Burnham encarna a Lara Croft e atira contra seu inimigo de “Dual Phaser”, enquando descobrimos que mais uma vez Discovery está copiando a história de outro. Neste caso “O Exterminador do Futuro: Genesys[Terminator : Genesys], e John Connor… digo amigo genérico da Burnham se revela um T-3000 e libera os nano-robôs contra nossa heroína. Mas o plágio, não para por ai, assim como em Genesys, o vilão é vencido por um campo eletromagnético. A diferença aqui é que ele fica magnetizado no chão da nave, enquanto em Genesys, tanto John Connor quanto o T-800 são pegos pelo campo.

Mas pera ai, será que não existia mais nada de metal por ali? Nada mais foi magnetizado neste “Campo Eletromagnético” que Spock criou. Dentre tudo que vemos em cena, acho pouco provável nada ser de metal. Ou os roteiristas assumiram que tudo aquilo é um cenário feito de madeira?

Depois disso Burnham decide não mais seguir a AI, visto que ela foi atraída e fez justamente o que ela queria que acontecesse. Spock apenas comenta que o CONTROLE a identificou como a real ameaça para seus objetivos, “a variável que ele não consegue computar”.

Pensamentos Soltos no Espaço

  • A melhor cena de Discovery foi uma referência a um episódio da Série Original que só existiu para poderem reutilizar o primeiro episódio piloto que foi negado pelo estúdio? Ah, a ironia!
  • No final do episódio, aparecem 30 naves da Sessão 31, e somos informados que é quase a frota inteira deles. Quantas naves eles tem no total? Tomara que sejam 31!
  • O que aconteceu com o Cristal do Tempo que Mudd usou para criar o Loop Temporal?
  • O Filho de Voq, Tenavik, me lembra um Minbari, de Babylon 5.
  • Os Guardiões do Tempo permitiram que o Tenavik envelhecesse mais rapidamente, ou eles coexiste em diversas idades simultaneamente?
  • O que aconteceu com os nano robôs no chão da nave da Sessão 31, deixaram eles magnetizados lá e foram embora?
  • Que bom que se lembraram da Engenheira Jett Reno! Por que ela não fica direto na série?

Ligação com outros episódios

  • A Coleção [The Menagerie] – Jornada nas Estrelas – TOS
  • Herdeiro Legítimo [Rightfull Heir] – Jornada nas Estrelas: A Nova Geração – TNG

Veja nossa análise em Vídeo

Imagens de Star Trek Discovery: Pelo Vale das Sombras

Ficha Técnica

Direção: Douglas Aarniokoski
Roteiro: Bo Yeon Kim e Erika Lippoldt
Lançamento: 04/04/2019

Veja mais Star Trek: Discovery em:

Episódio Anterior: O Anjo Vermelho [The Red Angel]

Newton Uzeda

Newton Uzeda, o Terceiro de seu Nome, Viajante de muitos Mundos, Sonhador de Fantasia, Leitor de Sci-fi, o Desafiador da Máquina, o Colecionador de Mundos, o "Último dos Renascentistas", Guardião de Histórias e o Questionador de Autoridades.

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